Próximo final de semana marca três meses de bloqueio na BR 277
13 de janeiro, 2023
A queda de uma barreira na altura do km 42 da BR 277 em outubro de 2022, tem tirado o sossego de muitos cidadão paranaenses nos últimos tempos. Este sábado, 14 de janeiro de 2023, completa-se exatos três meses que a rodovia funciona parcialmente. A demora para a recomposição da encosta, aliada a falta de um planejamento operacional do tráfego adequado tem tirado o sossego de veranistas, comerciantes do litoral e do setor produtivo, especialmente o de transporte de cargas rodoviário.
Para os veranistas, a ida e a volta para as praias se transformou em tensão, uma vez que até 19 km de congestionamentos já foram registrados na BR 277 neste ano com longas horas de espera na estrada. Para os comerciantes, a circulação de turistas tão esperada para a temporada não se confirma, justamente porque muitas pessoas estão buscando novos destinos, evitando a rodovia e, para o setor de transporte de cargas o pesadelo não tem fim, com prejuízos que se acumulam desde que a barreira cedeu na Serra do Mar.
Somente de combustível, uma estimativa feita pelo Sistema Fetranspar, que representa mais de 20 mil empresas do setor de transportes no Paraná, o aumento foi de 17% no consumo. Sendo que o setor como um todo está desembolsando, diariamente perto de R$7,2 milhões reais. Custo que fica dividido entre as empresas que dependem do trecho que leva a um dos principais portos graneleiros da América Latina.
Os prejuízos ainda se acumulam com o aumento do frete em média 20% no período e custos de manutenção de veículos que sofrem desgastes na embreagem, motor e caixa de câmbio, com o pare e arranque em horas de tráfego parado na rodovia.
“Diariamente estamos em contato com as autoridades sejam, estaduais, federais ou órgãos responsáveis pelas estradas. Nossa principal queixa é relativo a um cronograma de prioridade das obras e uma gestão do tráfego que permita uma circulação mais ágil no trecho interditado. É inadmissível que o governo ainda não tenha se atentado a essa importância. Não dá para transportar levando um tempo de até 7 horas onde antes se fazia com tranquilidade e em cerca de 1/3 do tempo”, critica o presidente do Sistema Fetranspar, Coronel Sérgio Malucelli.
Ele lembra ainda, que lá em 2021, quando o Governo Estadual bancou a abertura das cancelas de pedágio, tomou para si a responsabilidade de manter rodovias com a mínima trafegabilidade. “Na ocasião fizemos várias observações, dizendo que o governo não teria recursos suficientes para dar conta de operar um dos principais trechos de escoamento de safra do Brasil, pedindo que repensasse a decisão e que um pedágio de manutenção fosse aplicado. Se tal medida fosse aplicada poderia ajudado a evitarque morosidades como essas ocorressem em detrimento de falta de monitoramento de riscos diversos”, lembra o presidente. Mas o governo estadual não cedeu e bancou a abertura das cancelas e deu no que deu.
A Federação destaca que continuará pressionando as autoridades, para que as obras possam ser agilizadas e uma ordem no trânsito seja aplicada. “Se o setor produtivo e a sociedade não pressionassem nesses últimos tempos, certamente esse trabalho ainda estaria no jogo de empurra entre governos estadual, federal e órgãos de competência, que não se entendiam quando a execução de um serviço emergencial. Seguiremos monitorando”, ressalta Malucelli.
Segurança Comprometida
A Fetranspar também vem recebendo inúmeros relatos de empresas transportadoras que estão sofrendo com a falta de segurança na BR 277. O problema da lentidão na rodovia abre espaço para que bandidos assaltem os motoristas, independentemente do horário. Mais próximo a Paranaguá os relatos ainda dão conta de que ocorrem as chamadas ‘vazadas’, onde criminosos abrem a carroceria dos caminhões que transportam grãos a fim de despejar o conteúdo na estrada e posteriormente fazer o saque da carga derramada.
“É um problema na Serra do Mar, mas que acaba surtindo efeitos colaterais em vários outros pontos da estrada em áreas como a segurança pública. Precisamos maior efetivo policial e ajuda do governo estadual. Mais uma vez: com a saída dos pedágios, não se tem mais câmeras na BR 277, uma ferramenta de monitoramento que também ajudava as autoridades policiais. Logo, é preciso pensar em operações para barrar a ação dos bandidos”, destaca Malucelli.
Foto Rodrigo Felix