Nota aberta a sociedade
20 de maio, 2018
A Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná – FETRANSPAR, que representa mais de 20 mil empresas transportadoras de cargas no estado do Paraná, vem acompanhando toda a movimentação sobre a intenção de paralisação do transporte em todo o país.
Embora o foco da pauta esteja no questionamento da alta constante dos combustíveis, a Federação entende que o fracionamento destes movimentos, devido a ausência de uma liderança centralizadora, acaba por trazer para o cerne das discussões, outros assuntos que não seriam adequados a se explorar neste momento. Por isso, a entidade pede cautela a todos os transportadores e frisa que é a favor de reinvindicações que realmente tragam a possibilidade de negociações entre governo e entidades de classe, não admitindo, em hipótese alguma, badernas e fechamento de estradas.
No que tange a alta dos combustíveis, isso deve sim ser questionado, pois essa não é somente uma pauta da classe dos transportadores de cargas. Isso reflete no cidadão que além de pagar mais alto nas bombas, em pouco tempo começará a pagar mais caro pelos produtos nas prateleiras dos supermercados, uma vez que as empresas de transportes não conseguem mais segurar esse repasse, lembrando que de tudo que circula no país, 60% é feito por transporte de cargas. Com os constantes aumentos dos combustíveis, estamos vivendo a iminência da volta temida da inflação.
O governo está ciente desses problemas e pouco tem feito para barrar essa tragédia anunciada em um país que já sofre com milhões e milhões de desempregados. O Setor de transporte de cargas tem se reunido exaustivamente com a Petrobras, exigindo explicações e atitudes concretas para que o combustível não venha ser reajustado ao sabor do que a empresa almeja.
Tudo isso tem sido exaustivamente demonstrado à companhia, em contatos e reunião que mantivemos com dirigentes daquela empresa por meio da NTC & Logística, ABTC e CNT desde dezembro último, sem que eles demonstrem a menor sensibilidade para o problema e vontade de resolvê-lo.
O Governo precisa agir enquanto é tempo. Só ele pode evitar que o movimento de paralisação prospere e o caos se instale, gerando possível desabastecimento de combustíveis, alimentos, remédios etc. Outras pautas que circulam pela internet não motivam ninguém. O que, neste momento, une toda a categoria e, provavelmente, ganhará a adesão da sociedade como um todo, é a questão do preço dos combustíveis e da frequência do seu reajuste.
E, tão ou mais importante que isso, é fundamental que os reajustes de preços, quando necessários, sejam feitos com frequência semestral ou, na pior das hipóteses, trimestral. A previsibilidade de preço e de critérios de reajuste de um item de custo tão significativo é essencial para que os transportadores possam firmar e honrar seus contratos, como é o normal numa economia estável.
Inaceitável é a manutenção da política atual, sob a justificativa da disparada dos preços internacionais do petróleo e da cotação do dólar. Isso, reiteramos, é brincar com fogo e flertar com a inflação.
Nossa sugestão é que o governo DESVINCULE O DIESEL do frete como já ocorre com pedágios, por exemplo. Para cada viagem destacaríamos no certificado de transporte o “N litros/ton/km”. Dessa forma as empresas do transporte de cargas e autônomos ficariam protegidos da variação do custo do diesel. Para viabilizar isso operacionalmente a Petrobras assumiria o compromisso de alterar preços de combustível apenas uma vez por mês e com anúncio antecipado da tendência como ocorre nas reuniões do COPOM.
Como se pode ver há saídas inteligentes. Pode não ser a melhor na ótica do governo, mas os líderes de nossa nação precisam se dar conta de que estamos vivendo em uma crise a qual eles mesmos semearam e que não podem sacrificar mais a população. Por isso, exigimos que o Governo Federal se antecipe e não deixe que outros movimentos se aglutinem e causem a desordem. Queremos trabalhar e fazer com que essa nação cresça e se desenvolva, mas sem os desmandos dos nossos representantes e sem a baderna de leve ao caos.
Coronel Sergio Malucelli
Presidente da Federação das Empresas de Transportes do Estado do Paraná – FETRANSPAR e do SEST SENAT – Paraná