A Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (FETRANSPAR) comemora 29 anos de atuação, nesta terça-feira (19). Instituição celebra as muitas conquistas para o setor de transportes no Paraná, ao longo de quase três décadas.

Confira as principais conquistas e desafios do setor em entrevista exclusiva, ao Jornal Indústria & Comércio, com o Coronel Sérgio Malucelli, Presidente da FETRANSPAR e do Conselho Regional do SEST SENAT no Paraná:

DI&C - FETRANSPAR completará 30 anos em 2023. Quais as principais conquistas da Federação para o setor de transporte no Paraná?

Em três décadas de caminhada podemos afirmar que o setor de transporte evoluiu muito, assim como todos os setores da sociedade, impactado pela tecnologia e pela profissionalização de empresas, empresários e das gerações que assumem o comando das companhias, uma vez que, majoritariamente, as transportadoras são administrações familiares. Nosso papel como Federação é representar todos esses entes envolvidos na cadeia do transporte de cargas rodoviário. Citar aqui as conquistas acredito que seria até impossível, porque a lista é longa. Mas podemos afirmar o seguinte: a representatividade da Federação hoje é ampla, temos voz, propomos e ao mesmo tempo questionamos muitas medidas adotadas pelos poderes estadual, federal e municipais. Temos amplo acesso a órgãos e as entidades que representam o setor na esfera Federal. Somos 10 sindicatos associados em todas as regiões do Paraná e ampliamos para 13 as unidades do SEST SENAT no Estado. Tudo isso se deve a credibilidade que a FETRANSPAR conquistou ao longo do tempo e, credibilidade, se constrói dia a dia, com ações concretas, resultados, liderança e propósito. Nosso maior ativo sempre foi e sempre será o ‘atendimento às necessidades’ do empresário que atua no setor de transporte de  cargas paranaense. E isso, podemos afirmar que estamos fazendo com maestria nessas últimas décadas.

DI&C - O setor de transportes foi um dos mais afetados pela pandemia de Coronavírus, com a queda do número de mortes e infectados e o relaxamento de medidas de restrição o Setor já está em retomada?

O mundo todo e todos os setores foram impactados. Mas vale ressaltar que não paramos sequer um minuto, pois a essencialidade da atividade foi reconhecida pelos governos logo no início da crise de 2020. Reconhecida, porque a Federação insistiu na tecla de que ele não poderia fechar durante a crise aguda que se instalava. Conseguimos provar aos representantes públicos que o abastecimento das cidades seria comprometido, incluindo hospitais, supermercados, transporte coletivo, entre outros. As empresas passaram sim por momentos delicados. As empresas tiveram que se reinventar. Nós aqui da FETRANSPAR fizemos um trabalho ‘cirúrgico’ acompanhando todos os passos da evolução da pandemia: a cada medida uma avaliação, uma ação. Foi assim no momento de defender sua essencialidade, assim como defender o adiantamento da vacina de gripe e de Covid-19 quando disponível. Lutamos por subsídios, linhas de crédito entre tantas outras medidas que pudessem agregar suporte ao setor que estava sendo parceiro da sociedade naquele momento. O empresário amargou grandes perdas com o fechamento das cidades. Porém, sua recuperação vem sendo observada gradativamente desde meados de  2021.

DI&C - Como a alta dos combustíveis e insumos têm impactado o setor de transportes?

Não é de hoje que o combustível é a principal preocupação de quem atua no setor. Não era para menos, uma vez que é o principal insumo que impacta o frete. Sua alta constante onera drasticamente o empresário e o impede de fazer planejamento a longo prazo, a fazer novos investimentos. Uma política desorganizada ao longo desses anos gerou esse estresse no setor. Nos últimos meses essa preocupação ficou mais aguda, com o descontrole do valor nas bombas. Somente nas últimas semanas é que algum alento veio do Governo Federal. A recomposição do preço do frete, por exemplo, se justifica  para evitar o colapso de inúmeras empresas transportadoras,  que já vinham negociando com os seus clientes o repasse dos quase 50% de aumento no diesel registrado em 2021. Se o repasse imediato não ocorre, a operação de transporte no Paraná corre o risco de se tornar inviável. Vale ressaltar ainda que alternativas não faltam. A exemplo do projeto que determina a criação de uma alíquota única em todos os estados para o ICMS de combustíveis, sancionado pelo Governo Federal recentemente.  Ou ainda projeto de lei que que zera a cobrança de PIS e Cofins sobre o diesel.

DI&C - Qual a importância das parcerias público privadas no setor de transporte?

Não vejo nenhum governo dando conta do recado de tanta demanda que temos na sociedade. O cobertor sabemos que é curto e precisamos ser realista e lutar por projetos que realmente agreguem a sociedade e ajuda no seu desenvolvimento e consequentemente impacte positivamente também no setor empresarial. Iniciativas envolvendo poder público e privado, precisam cada vez mais ganhar espaço. Temos muitas delas principalmente envolvendo ações junto ao nosso Programa Ambiental Despoluir, que afere frotas de veículos, auxiliando para que componentes expelidos não agridam o meio ambiente. Por meio do SEST SENAT temos muitos eventos e projetos realizados juntos. Essas atividades em conjunto são bastante sadias e mostram ganhos para todos os entes envolvidos.

 

DI&C - Em sua terceira gestão, quais os principais desafios do presidente Sérgio Malucelli para os próximos anos de mandato?

Não podemos perder de vista muitos dos projetos já em andamento. Queremos ampliar a participação em Comissões e ou Grupos onde temos total liberdade para levar a discussão pautas ligadas ao setor de transporte de cargas. Hoje somos ativos em inúmeros grupos nestes moldes. Queremos incentivar nossos empresários a imaginar o mundo tecnológico que se aproxima com a presença cada vez mais real do 5G, que abrirá novos caminhos para os negócios. Neste sentido, iremos desenvolver um programa voltado para o empresário ser estimulado nesta área. E claro, pautas de toda natureza que impacte diretamente ao setor continuarão a ser veemente discutidas e defendidas, a exemplo dos novos contratos do pedágio do Paraná os quais teveram uma participação ímpar da FETRANSPAR durante todo o processo realizado no ano de 2021.

 

DI&C - Integrados à FETRANSPAR desde 2017, como atuam o Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT)?

As entidades têm se firmado como substanciais colaboradoras para o desenvolvimento do setor de transporte do país, seja de cargas ou de passageiros, atuando na formação e na qualificação de profissionais para o mercado, aptos às novas tecnologias e às complexas formas de trabalho.
A assistência ao trabalhador prioriza, ainda, a área de saúde, esporte, lazer e cultura, a prevenção de doenças, a promoção e a preservação das condições saudáveis dos indivíduos, o bem-estar físico e mental e a inclusão e integração das pessoas na sociedade.

No Paraná, são 13 unidades operacionais – Curitiba, Ponta Grossa, Paranaguá, Guarapuava, Maringá, Toledo, Foz do Iguaçu, Umuarama, Francisco Beltrão, Pato Branco, Londrina, Santo Antonio da Platina e Cascavel, onde as pessoas podem contar com equipes de atendimento responsáveis pelo desenvolvimento profissional e pela promoção social, visando sempre a evolução na prestação de serviços de excelência executado pelo setor como um todo.

 

DI&C - A FETRANSPAR passou a integrar o Conselho Deliberativo do Sebrae-Pr. Como consequência a representatividade da Instituição aumenta no Estado?

Ao Integrar um Conselho deste porte, a  FETRANSPAR une-se a outras 13 entidades paranaenses, todas de grande representatividade não só para a economia, mas para o desenvolvimento do nosso Estado como um todo. Juntos somos mais fortes para defender e lutar por essa economia e por esse desenvolvimento, que tanto almejamos.

Hoje,  somente o setor de transporte congrega milhares de pequenas empresas envolvidas direta e indiretamente nesta cadeia de valor, em todo o Paraná. De acordo com o SEBRAE/PR, de quase 100 mil empresas ativas, envolvendo a área de atuação da FETRANSPAR, 94 mil são micro ou pequenos negócios. Para termos noção desta grandiosidade as  13 entidades que compõem o Conselho são a Fomento Paraná; Banco do Brasil; Caixa Econômica Federal; Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep); Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap); Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Fampepar); Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep); Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR); SEBRAE Nacional; Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral; Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar); e Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ou seja, todas de grande participação na economia e na vida de nosso Estado.

 

Homenagem: Associação Brasileira de Transportadores Internacionais