É preciso entender a importância do setor de transporte de cargas
17 de abril, 2020
A medida que os casos de Covid-19 avançam pelas cidades do Paraná, aumenta também a preocupação de seus cidadãos e do próprio setor produtivo sobre as consequências na saúde e na economia estadual.
Seguir as orientações sanitárias, divulgadas pelos órgãos que atuam na saúde é de extrema importância, uma vez que não se tem nem remédio e nem vacina para conter a propagação do vírus. Pior ainda é pensar que não se tem testes para todo mundo, um problema não só do Brasil, mas da humanidade, o que nos faz pensar que estamos em uma guerra e não sabemos de onde vêm os tiros, uma vez que pessoas assintomáticas são uma das principais fontes de transmissão do vírus.
Contudo é preciso também se ater, como será o pós-pandemia. Hoje, o setor de transportes de cargas, por exemplo, é reconhecido como atividade essencial para a sociedade. Sem ele funcionando, remédios aos hospitais, equipamentos de proteção individual de médicos e enfermeiros, bem como o abastecimento de alimentos nas cidades não seriam possíveis de entrega ao destino, o que acarretaria em colapso social em pouco tempo.
Hoje as lideranças executiva e legislativa do Paraná entenderam o importante papel do setor de transporte rodoviário, a ponto de reconhecer as atividades do setor como ‘essenciais’. Um trabalho árduo de convencimento do setor produtivo, e em particular da FETRANSPAR, que tem trabalhado insistentemente em pautas que ajudam o governo a voltar os olhos para essa realidade.
Esse entendimento por parte dos governantes não deixa de ser um grande passo é claro, porém é preciso muito mais do que isso. É necessário que profissionais das estradas, que também estão na linha de frente contra o Convid-19, recebam apoio para que possam executar suas atividades com segurança e qualidade.
Assim como médicos e enfermeiros necessitam utilizar de EPIs para não se contaminarem, para assim poderem continuar a realizar o belo trabalho junto as vítimas do coronavírus, é necessário também que motoristas de caminhão também recebam equipamentos de segurança individual básicos para que não corram o risco de se contaminar ao fazer a travessia de diferentes cidades ao longo de suas viagens.
A distribuição de álcool em gel e mascaras também se torna algo essencial, bem como orientações de como se precaver da Covid-19 no exercício de sua profissão. A realização de testes rápidos, ainda, se torna essencial para identificar profissionais que, possivelmente possam estar infectados, dando suporte para que os mesmos possam ser atendidos adequadamente, evitando que os mesmos contaminem outras colegas e seus familiares. Protegê-los contra a gripe H1N1 também deve ser uma preocupação do governo, fazendo com que esses profissionais entrem nos grupos prioritários.
Enquanto motoristas rasgam as estradas nos trazendo o básico, é dever de quem está na cidade, oferecer total suporte a eles. Isso é troca, um ajuda o outro para que todos possam ser beneficiados.
O leitor pode estar se perguntando: mas é só o motorista se precaver e aprontar seu próprio kit de primeiros socorros. Não, não é tão simples assim. Percorrer estradas por quilômetros, até encontrar uma farmácia ou um supermercado requer horas de viagem. Ao chegar no local é bem provável que não se tenha o item – todos sabemos disso. Some-se a este cenário ainda, a questão de que muitas cidades não permitem que caminhões adentrem seus perímetros urbanos, dificultando o acesso do profissional ao serviço. Por isso é preciso que itens estejam disponíveis em estradas, em uma ação organizada entre poder público, privados e entidades representativas.
Os governantes precisam ainda pensar em um plano pós-pandemia. Independentemente de quando será reaberto todo o comercio e todas as outras atividades do setor produtivo e educacional. Necessita-se urgente de um plano de como isso será feito. Abrir, tudo de uma única vez, seria precipitado, ou no mínimo irresponsável.
Por isso, é preciso que o Governo Estadual trabalhe em um plano adequado de como se fará esse processo e como vai funcionar em pequenas, médias e grandes cidades, sinalizando como será feito o monitoramento desta abertura. Sabemos que isso é uma preocupação mundial. Por isso é preciso que a pauta já esteja tramitando na esfera governamental. Isso vai ajudar também a evitar o grande desgaste jurídico entre entidades de classe e governo.
O Grupo G7 paranaense, por exemplo, elaborou um documento o qual faz sugestões de como esse processo pode vir a ser feito no Estado do Paraná. O documento foi denominado de “A retomada econômica no Estado do Paraná’. Este material feito por um corpo técnico das sete entidades produtivas do Paraná pode servir de base para o Governo do Estado. É hora dos governantes se aterem a sugestões como essas e redigirem também uma sugestão a ser apresentada.
Enquanto reabertura do setor produtivo não acontece, é preciso ainda que os próprios empresários do setor tenham acesso aos créditos já anunciados. A burocracia que gira em torno das medias, muitas vezes atrapalha todo o processo. Até que o crédito cheque a quem precise, muito prejuízo já se fez, inclusive ceifando postos de trabalho, tão necessários de manutenção neste momento de pandemia. O setor de transporte de cargas do Estado do Paraná, está ciente do tamanho do problema e também está de prontidão para dar suporte as ações governamentais e contribuir para que o impacto da Covid-19 seja o menor possível para a sociedade.
Coronel Sérgio Malucelli
Presidente da FETRANSPAR e SEST SENAT no Paraná