BR-277 completa 60 dias com pista parcialmente interditada na Serra do Mar
14 de dezembro, 2022
Há exatos 60 dias o setor de transporte de cargas e a sociedade paranaense como um todo convivem literalmente com pedras que insistem em bloquear os caminhos para quem se desloca ao litoral do Paraná. Após fortes chuvas ocorridas no último dia 14 de outubro, uma grande encosta caiu na Serra do Mar na altura do km 42 da BR 277, principal ligação rodoviária para o maior porto graneleiro do país. Desde então, muitas incertezas e inseguranças vêm tomando conta de quem depende da estrada para escoar seus produtos.
Para a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná – FETRANSPAR, entidade que representa mais de 20 mil empresas em todo o Estado, os sedimentos que estão na rodovia, interditando-a parcialmente e estrangulando o tráfego, são apenas a ponta do problema que não parece ter uma solução tão próxima.
“É necessário tratar o assunto com prioridade. O jogo de empurra entre órgãos responsáveis pela estrada e o próprio Governo Estadual é o que mais atrapalha. A rodovia já poderia estar em vias de liberação se esforços fossem somados”, analisa o presidente da FETRANSPAR, Coronel Sérgio Malucelli, que esteve no local do deslizamento neste início de semana e conta ter visto ainda um cenário desolador mesmo depois de oito semanas do ocorrido.
Diariamente chegam à Federação relatos de transportadores que contam como está sendo viver esse período. A principal queixa está relacionada ao tempo de viagem entre Curitiba e litoral do Paraná que aumentou em pelo menos 3 horas para quem desce com a carga e em média 4h para quem sobe do litoral para a Capital. “Tempo é algo precioso no setor de transportes. Cargas que demoram a chegar ao destino são sinônimo de prejuízos”, diz Malucelli. Segundo a Federação o frete já sofreu reajuste médio de 20% devido a essa interdição.
Visita ao local
No início desta semana, o presidente da FETRANSPAR esteve no local da queda de barreiras na BR-277. Para ele o cenário é desolador e cobra das autoridades mais agilidade e empenho em resolver a situação. “Ao que tudo indica, teremos movimentação recorde no Porto em 2023, com a chegada da safra de grãos no primeiro trimestre. A temporada de Verão bate a porta e certamente as chuvas da estação mais quente do ano não darão trégua. Temos um cenário bastante tenso para os próximos meses”, salienta.
Malucelli destaca que, embora a BR 277 seja uma rodovia de responsabilidade hoje do Governo Federal é preciso tratar a questão da interdição como algo interno. “É preciso que o governo estadual sente com os órgãos competentes e estude medidas plausíveis em conjunto, inclusive abrindo mão de recursos do Estado para solucionar o problema. Não se pode simplesmente delegar o fato para um órgão. É preciso trabalhar unido e fazer o impossível acontecer. Afinal, grande parte da economia do Estado passa por esse trecho de estrada, quanto mais tempo interditada, mais prejuízos a todos os paranaenses”, destaca.
O presidente da FETRANSPAR alerta ainda que é iminente que comerciantes do litoral do Paraná comecem a sentir no bolso os reflexos deste problema. “É claro que grande parte das famílias vão preferir outros destinos em vez de se aventurar em passar pela BR 277 rumo ao litoral neste verão. E isso é sinônimo de prejuízo para os comerciantes. Ainda há tempo do Governo Estadual executar plano emergencial, se isso não ocorrer, lá na frente não adianta culpar o clima ou as chuvas pelos prejuízos. Ainda dá para reverter o jogo e estancar essa sangria”.
Fonte: Assessoria de Comunicação FETRANSPAR Foto: Divulgação PRF