28 de abril, 2021
O presidente da FETRANSPAR e do Conselho do SEST SENAT no Paraná, participou na manhã desta quarta-feira (28/04), do evento ‘Compliance Day Sistema S’, que reuniu na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), todas as entidades que formam o Sistema S no Estado do Paraná. Na pauta o tema ‘Ética e Integridade’ dentro do Sistema.
Nos últimos anos, o compliance tem ganhado mais espaço nas empresas, principalmente, aquelas que possuem relações com a administração pública.
Um programa de compliance precisa envolver todos os públicos de relacionamento de uma empresa os chamados, stakeholders, deixando-os cientes sobre as práticas de conduta da organização, bem como sensibilizando todos a praticarem o Código de Conduta e as políticas definidas pela companhia.
“Há quatro anos quando implantamos o compliance no SEST SENAT Paraná, vimos um ganho na eficiência de gestão e no próprio desempenho das unidades operacionais. Também é visível o interesse dos colaboradores em praticar as regras previstas no código de conduta. Ou seja, tudo fica ainda mais transparente”, explicou Malucelli durante sua explanação no evento.
Compliance Day Sistema S’
O Sistema S paranaense promoveu, nesta quarta-feira (28/04), a primeira edição do Compliance Day, direcionado aos colaboradores das instituições. Sediado no Campus da Indústria do Sistema Fiep, em Curitiba, com número restrito de convidados, e transmitido pelo Canal da Indústria, no Youtube, o encontro abordou como a ética e a integridade estão relacionadas às ações das instituições participantes.
Quase 900 pessoas assistiram ao bate-papo on-line mediado por Vitor Tioqueta, diretor-superintendente do Sebrae/PR, que teve a participação dos presidentes das instituições que compõem o Sistema S, além de uma palestra com a filósofa e doutora em Educação, Terezinha Rios.
Darci Piana, presidente do Sistema Fecomércio e vice-governador do Paraná, iniciou seu discurso ressaltando o papel da família e da educação no desenvolvimento da ética e da moral. “O homem nasce bom e, mesmo que seus valores sejam desviados ao longo do caminho, a essência permanece, e isso tem a ver com a educação que recebemos principalmente da nossa família. A escola deve ser um local de se continuar aquilo que aprendemos em casa”, explica. Ele também acredita que é fundamental que as lideranças tenham consciência de suas responsabilidades em relação ao tema e que demandem de suas equipes para que a ética aconteça e paute as ações das empresas.
O presidente do Sistema Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, relacionou o conjunto de valores morais aos objetivos estratégicos da instituição. “A ética tem que ser inabalável. Em um ambiente em que trabalhamos com recursos de terceiros, é impossível atuar sem o tripé formado por ética, integridade e transparência. Não temos como prestar um serviço de qualidade sem prezar por esses valores. E esse é o objetivo da nossa missão”, comenta.
Para que esses conceitos sejam disseminados por toda a instituição, o engajamento da gestão é fundamental. “O comprometimento dos conselhos, dos diretores e dos gerentes deve ser um exemplo para toda a companhia. Não adianta falar de compliance e agir de uma maneira diferente do discurso”, comenta Fernando Morais, presidente da Faciap. Para ele, o conceito, bem como as ações de compliance, devem ser ampliadas nas organizações. “Porém, precisamos ter o cuidado para, ao sermos rígidos nos processos, não engessarmos a empresa; caso contrário, ela não conseguirá atingir seus resultados”, aconselha.
O Coronel Sérgio Malucelli, presidente da Fetranspar, explicou sobre a origem do compliance, que muitas vezes acaba sendo confundido com combate à corrupção. “Mas não é isso, tem a ver com ética e com exemplo, e deve ser estendido a todos”, explica. Desde que foi implantado, há cerca de cinco anos, na entidade que preside, o programa de compliance vem gerando bons resultados. “Tivemos mais qualidade no atendimento e uma maior transparência para os usuários”, finaliza.
Embora a definição de compliance tenha relação com o atendimento de normas e leis, debater o tema é necessário, especialmente no momento atual, segundo Ágide Meneguette, presidente do Sistema Faep. “A ética a gente aprende em casa, mas temos que rever nosso sistema de ensino para que isso seja reforçado. Se as pessoas tivessem, de maneira geral, incorporado isso dentro de suas casas, não estaríamos conversando hoje aqui”, reforça.
José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, concorda, afirmando que o evento de hoje foi uma manifestação do quanto o Sistema S atribui importância ao tema. Ele também traz algumas iniciativas que podem ser adotadas pelas empresas. “Entre as ações, é necessário ter um código de conduta bem elaborado para que todos pratiquem e conheçam o que está lá escrito; além disso, promover treinamentos, avaliar de forma clara e efetivas as normas que garantem conformidade, e reavaliar processos e mudar o que for preciso, são outros exemplos”, explica.
O desafio de ser ético
Para que a ética seja aplicada nas organizações, é necessário que essa definição seja esclarecida. E para explicar com propriedade o assunto, Terezinha Rios, filósofa e doutora em Educação, conduziu uma palestra sobre o desafio de ser ético. Entre as provocações trazidas, ela questionou o quanto as pessoas, de fato, refletem sobre suas ações. “Muitas vezes olhamos e não vemos, ou vemos, mas não reparamos no que está ao nosso redor. E no período atual, precisamos estar em estado de alerta para reparar naquilo que nos acontece, com o intuito de solucionar os problemas. O convite é olhar de maneira crítica para a realidade. Olhar o mundo, procurando vê-lo com clareza, profundidade e abrangência”, explica.
Ao diferenciar os conceitos, a filósofa define a moral como um conjunto de normas, regras, leis e valores que orientam a vida das pessoas na sociedade. “Não há sociedade sem moral. Para cada papel social, há determinadas regras e deveres. E é de acordo com a moral que se determina que caminhos seguir e o que fazer. Temos um papel moral quando obedecemos ou desobedecemos à normas”.
Quando os deveres e responsabilidades são impostos, cabe ao indivíduo questioná-los. E a esse questionamento Terezinha chama de ética. “Quando a moral diz ‘não vá por ali’, a ética diz ‘por que não ir?’. Quando a moral diz que é para o meu bem, a ética dirá que só será para o meu bem se for para o bem comum. Este é o núcleo da ética”, explica. Ou seja, enquanto as leis estão no âmbito da moral, a ética está na reflexão do quanto essas regras têm fundamento no bem comum e abrange princípios como o respeito, a justiça e a solidariedade.
E ao se falar em compliance, é necessário remeter à ética. “Se eu apenas estiver atento às leis para cumpri-las, estou no departamento da moral. O compliance nos pergunta se as leis são construtoras para o bem de todos”, comenta. E para ela, é isso que deve ser tema de discussão nas instituições. “Estamos fazendo com nosso trabalho a produção do bem comum? Além de cumprir as leis, estamos indo ao encontro dos princípios que devem reger a convivência humana?”, questiona, afirmando, ainda, que a ética não é para tempos fáceis. “Se não estivesse tudo bem, não precisaríamos falar do assunto. Mas precisamos”, finaliza.
Sobre o Sistema S
No Paraná, o Sistema S é formado pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), Serviço Social do Transporte (Sest), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Essas instituições estão ligadas às Federações que representam diferentes segmentos econômicos.
Foto: Gelson Bampi