18 de setembro, 2019
O setor transportador emprega cerca de 2,2 milhões de profissionais em todo o Brasil. A Rais - Relação Anual de Informações Sociais aponta que apenas 17% são do sexo feminino. Entre motoristas de caminhão, as mulheres estão em número ainda menor, apenas 0,5%, de acordo com o estudo Perfil do Caminhoneiro 2019 elaborado pela CNT - Confederação Nacional do Transporte.
Ainda somos poucas nesse universo masculino, mas estamos ocupando cada vez mais espaços: do volante à gestão das empresas. Dados do SEST SENAT confirmam o crescente interesse feminino pelo mercado de trabalho transportador. O projeto Habilitação Profissional para o Transporte – Inserção de Novos Motoristas, por exemplo, registrou, desde 2015, a participação de 2.311 mulheres em busca da carteira de motorista em todas as categorias. Além disso, em cinco anos, a demanda feminina por cursos como Custos Operacionais do Transporte de Cargas e Precificação no Transporte Rodoviário de Cargas cresceu 60,4%.
As empresas reconhecem que mulheres podem e devem desempenhar qualquer função na atividade transportadora. Em minha rotina na diretoria executiva do SEST SENAT recebo, com frequência, relatos de empresários atestando que a presença feminina reduz custos operacionais, pois mulheres são mais cuidadosas com os caminhões e no trânsito. Além disso, o apurado senso de responsabilidade feminino tem contribuído para aprimorar a gestão e o relacionamento com os clientes.
Para que mulheres possam ocupar ainda mais espaços no transporte de cargas, o setor tem que continuar se modernizando. Não é só combater preconceitos. É preciso investir em gestão, inovação e segurança.
Esses são três eixos sobre os quais o SEST SENAT tem atuado em articulação com a CNT e com o ITL. Investimos em inovação, em capacitação de trabalhadores e na atualização de dirigentes empresariais. Temos que fortalecer o trabalho do SEST SENAT para criar novas oportunidades e garantir mais empregabilidade no setor de transporte. É bom para as mulheres e para as empresas, e é ótimo para a economia do país.
A CNT, por sua vez, tem levado ao poder público dados que indicam a necessidade urgente de reforço na segurança pública e nas políticas de incentivo ao investimento privado em infraestrutura de transporte. A Pesquisa CNT de Rodovias, por exemplo, mostra que a falta de conservação torna o transporte rodoviário de carga muito cansativo e perigoso. O roubo de cargas é outro foco de riscos e prejuízos. Rodovias seguras e empresas modernas são fundamentais para tornar o mercado de trabalho acessível, inclusivo e atraente para mulheres e para todos os trabalhadores do transporte de cargas.
Ao mesmo tempo em que convivemos com esses velhos problemas, as novas tecnologias estão revolucionando o setor e trazendo novos e grandes desafios. Esse é o momento para abraçar as mudanças e contribuir de maneira ainda mais significativa para a transformação do setor de transporte de cargas no Brasil.
Nicole Goulart
Diretora-executiva nacional do SEST SENAT