25 de agosto, 2017
A agricultora Heloísa de França, 27 anos, vive em uma comunidade quilombola no Vale do Ribeira (SP). Comprometida com a memória dos antepassados e com a proteção ambiental, Heloísa foi monitora de um projeto voltado para a sustentabilidade na região. A população local aprendeu a confeccionar e usar artigos como pás e peneiras, os mesmos empregados pelos seus ancestrais na produção de farinhas, arroz e feijão. “Muito disso estava se perdendo e esses objetos são importantes para o beneficiamento de alimentos”, destacou.
A ação de fortalecimento cultural da qual Heloísa participou faz parte de um dos 12 projetos executados com recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). O edital que os contratou foi lançado em 2013 e, nesta semana, os executores de várias partes do país se reuniram em Brasília para avaliar os resultados. A partir da iniciativa, jovens de áreas rurais foram capacitados como agentes populares em educação ambiental na agricultura familiar. A medida também apoiou a implementação de projetos comunitários nessa temática.
Mais de R$ 6,2 milhões foram investidos com esse edital do FNMA, que beneficiou 1.470 pessoas em território nacional. Os projetos em execução se espalham por estados como Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e São Paulo. “A formação dos agentes populares é importante para avançar com a transição agroecológica, na dimensão da inclusão social e sustentabilidade ambiental na produção”, explicou a secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Juliana Simões.
Produtividade
As melhorias para o meio ambiente e para a produtividade surpreenderam os envolvidos com os projetos. O produtor rural Antônio Marcos Salvador, 43 anos, trabalha com hortaliças, frutas e outros alimentos em Cláudia (MT). Depois de adotar as técnicas que aprendeu nas capacitações, Antônio Marcos observou que a produção de castanhas dobrou na região. “Conseguimos abrir a mente das pessoas sobre a importância da preservação do meio ambiente”, comemorou. “A produção melhora quando apendemos a trabalhar corretamente”, emendou.
Em Piquet Carneiro, no interior cearense, mais de 100 comunidades rurais foram beneficiadas pelo projeto executado pela prefeitura. Os 117 agentes capacitados na cidade diagnosticaram, em suas áreas, questões como disponibilidade hídrica, desmatamento, queimadas e resíduos sólidos. A gestora Vera Silva contou que, ao final, os participantes indicaram alternativas de intervenção para solucionar o problema. Desses, foram aprovados projetos de reuso da água, irrigação por gotejamento, recuperação de mata ciliar e coleta seletiva.
Etapas
As iniciativas contempladas pelo edital também tinham como metas campanhas de educação ambiental e implementação de projetos comunitários. Dois deles já foram concluídos. Um deles é o do qual Heloísa participou, executado pelo Instituto Socioambiental com comunidades quilombolas, indígenas, caiçaras e agricultores familiares de São Paulo. O outro foi concluído pela Prefeitura de Guarapuava (PR). Os demais estão na etapa de implementação dos projetos comunitários elaborados pelos alunos durante a formação.
O encontro realizado entre quarta e quinta-feira (23 e 24/08), em Brasília, possibilitou o intercâmbio entre os diversos executores dos projetos pelo país afora. A reunião teve como foco os jovens que passaram pela formação. Eles apresentaram os resultados e os impactos dos projetos em suas comunidades e também trouxeram produtos de suas regiões, como sabonetes de babaçu, mel, farinhas, frutas, castanhas, camisetas e bonés. Também foram realizadas palestras de temas como compostagem, manejo do fogo e segurança alimentar.
Fonte: Lucas Tolentino/Ascom Ministério do Meio Ambiente