28 de março, 2018
Em meio a mudanças tecnológicas, econômicas, sociais e culturais, o futuro do transporte brasileiro é algo que ainda está em construção. Mas o setor sabe que precisa ser capaz de atender, de forma satisfatória, às demandas de movimentação de cargas e pessoas, ser mais valorizado na ótica do cliente, economicamente viável e com maior capacidade de investimento e de planejamento.
Para alcançar esse futuro, um conjunto de desafios está posto, entre os quais estão a capacitação dos trabalhadores, a gestão empresarial e o pensamento estratégico, a adoção de novas tecnologias, a abertura a ideias e atitudes em direção à globalização. O diagnóstico está pontuado na primeira parte do roadmap para o transporte, instrumento que definirá um plano de ação para o transporte e a logística do Brasil, possibilitando mais competitividade e maior aderência às demandas dos usuários.
A fim de identificar os melhores caminhos para o destino do setor, empresários e representantes da área de desenvolvimento profissional do SEST SENAT reuniram-se em mais duas edições do workshop Inovar, Capacitar, Avançar, promovido pelo SEST SENAT em conjunto com a Universidade de Stanford, por meio do mediaX, programa da universidade que promove parcerias setoriais e acadêmicas para debater tecnologias e estimular a inovação.
Nos encontros, ocorridos em março, os participantes foram instigados a refletirem sobre transformações que vêm impactando e que impactarão, de forma cada vez mais acelerada, a sociedade e a pensarem soluções efetivas e renovadas para superar desafios rumo ao desenvolvimento.
“Precisamos compreender quais são as forças e as fraquezas do setor de transporte na atualidade, estimar o que vem pela frente e saber o quão preparados estamos”, explica o diretor internacional da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Harley Andrade. Segundo ele, com um diagnóstico preciso do presente e com uma visão clara sobre o futuro, o transporte poderá construir as condições necessárias para se beneficiar com as mudanças e construir soluções eficazes para enfrentar os entraves que existem. “Por meio de iniciativas como essa, a CNT, o SEST SENAT e o ITL (Instituto de Transporte e Logística) estão capitaneando a movimentação rumo a um setor melhor, mais integrado e inovador”.
Para a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, as pessoas são centrais no processo de mudança e inovação. Logo, os trabalhadores do setor precisam ser capacitados com foco nessa realidade. “Pensar fora da caixa é um desafio para fazermos com que o setor seja cada vez melhor. Por mais que existam barreiras, elas não podem ser desculpas para não melhorarmos o que nos compete”, diz.
“O transporte está se transformando, e nós vamos pensar juntos nesse futuro. Buscamos desenhar ferramentas para a inovação e debater como promover o empoderamento por meio da educação, usando tecnologias e encorajando novas ideias”, afirma Martha Russell, diretora-executiva do mediaX.
A ideia é que todos os participantes dos workshops sejam multiplicadores dos conhecimentos e do estímulo ao desenvolvimento de novas ideias para o setor junto aos segmentos nos quais atuam.
Adequação
Conforme o diretor do escritório da CNT na Alemanha, Thiago Ramos, responsável pela condução dos trabalhos que culminarão no roadmap para o transporte, há mudanças que são ameaças aos atuais modelos de negócios, e o transporte brasileiro precisar estar ciente das transformações para definir como alocar investimentos. Isso porque o surgimento de novas soluções pode tornar as atuais obsoletas, representando dispêndio de recursos. Isso ocorre especialmente diante da dificuldade de o país concretizar projetos de infraestrutura em um curto espaço de tempo.
Nesse sentido, é importante a utilização de ferramentas eficientes de análise de cenários atuais e projeção de futuro que auxiliem a tomada de decisões. Esse foi um dos temas abordados no workshop voltado a empresários do transporte.
Ram Rajagopal, professor de Engenharia Civil e Ambiental em Stanford, considera a compilação e a análise de dados como essenciais. “Hoje em dia, é necessário que todas as decisões de negócios sejam mais sistemáticas. Utilizar dados nos permite isto: mais oportunidades para entendermos a situação, a busca das opções e a quantificação dos potenciais resultados”. Ele explica que as melhores organizações que lidam com dados têm sistemas de apoio a decisões construídos para suas atividades-fim. “Não é que isso esteja substituindo a intuição, mas a está qualificando. Os melhores gestores estão se adaptando a essa realidade”, conclui.
Fonte: CNT Foto: Dimmy Falcão