Setor de logística amplia compromisso com a agenda ESG
11 de março, 2024
Se o setor de logística não investir, de maneira assertiva e com a necessária mudança cultural, em práticas ambientais, sociais e de governança, estará fadado à estagnação. Essa foi a tônica do painel “ESG na Logística: Estágio Atual, Desafios e Oportunidades”, realizado nessa quarta-feira (6), durante o Congresso Intermodal, dentro da 28ª edição da Intermodal South America, em São Paulo. Na ocasião, líderes do setor de transporte e logística do Brasil alertaram para o fato de que o ESG não é mais uma opção, mas, sim, uma necessidade imperativa às empresas.
Durante o painel, o diretor executivo da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Bruno Batista, afirmou que o crescimento do setor de logística, aliado às mudanças do perfil consumidor e à busca por eficiência, tem incentivado as empresas a investirem em práticas de ESG. “As empresas, hoje, veem vantagens concretas no investimento nessa agenda, ao constatarem que podem ter melhor precificação dos produtos, redução de riscos, maior retenção de talentos e diminuição de custos.”
Segundo ele, as práticas de ESG tornam as empresas mais bem preparadas para lidarem com as expectativas e exigências do mercado frente aos riscos ambientais, às implicações sociais e à sustentabilidade econômico-financeira. Nesse sentido, Batista chamou a atenção para a importância de o setor empresarial acompanhar, de perto, a formulação de leis e propostas que venham a alterar a visão de negócio.
“O setor empresarial, de forma geral, está mais bem estruturado para lidar com essa nova realidade. As ações governamentais, por outro lado, ainda estão incipientes nessa área, mas a regulação deverá vir pelo governo. Por isso, é preciso que o lado empresarial tenha disposição para trabalhar junto ao poder público. Para o bem ou para o mal, essa questão sempre vai passar por uma decisão política. Então essa proximidade é importante para evitar surpresas”, afirmou.
O diretor executivo da CNT citou o trabalho realizado pela Confederação em prol de um setor transportador com mais responsabilidade socioambiental. Ele destacou os resultados alcançados pelo Despoluir, maior programa ambiental do setor de transporte no Brasil. Criado como uma iniciativa conjunta da CNT e do SEST SENAT, o programa – prestes a completar 17 anos de existência – é o grande parceiro dos transportadores por meio de diversas ações que promovem o bem-estar, mudam mentalidades e multiplicam conhecimentos.
Uma das ações do Despoluir de maior destaque é a avaliação veicular ambiental. Com o propósito de melhorar a qualidade do ar, cuidar da saúde dos trabalhadores e estimular o uso racional de combustíveis, essa linha de ação já atendeu cerca de 55 mil transportadores e realizou mais de 4,3 milhões de avaliações veiculares.
Mercado engajado
Para os participantes do painel, as ações de ESG aumentam a integridade corporativa, melhoram as decisões estratégicas e a eficiência da gestão, resultando em maior confiabilidade do mercado. Além disso, quando a empresa faz a sua parte, serve de exemplo, estimulando fornecedores, colaboradores e os próprios acionistas.
Mediador do painel, o presidente da Abralog (Associação Brasileira de Logística), Pedro Moreira, falou sobre a criação, no ano passado, do Conselho ESG Abralog, reiterando a importância de promover a adesão das empresas às práticas sustentáveis. Moreira aproveitou para anunciar a realização da segunda Semana ESG, que ocorrerá de 14 a 18 de outubro deste ano, como forma de acelerar esforços e intenções com o objetivo de promover uma verdadeira mudança cultural e estrutural nas empresas de logística.
O diretor executivo de Supply Chain do Carrefour, Marcelo Lopes, enfatizou a acessibilidade da jornada ESG para empresas de todos os tamanhos, destacando os benefícios tangíveis para os negócios. Ele afirmou que entender o impacto das operações no presente e no futuro é fundamental para uma gestão eficiente.
Segundo Lopes, entre os fatores decisivos para uma implementação efetiva dos princípios de ESG nas empresas, está o autoconvencimento das organizações, com todos os colaboradores aprendendo que essa agenda não se trata de mero marketing, mas, sim, de um atributo de valor. Outro aspecto mencionado por ele é a realização de análise crítica do ciclo PDCA (planejar, executar, checar e agir, na tradução para o português). “O mapa de riscos tem que ser repensado constantemente, uma vez que ESG é, agora, uma agenda de gestão”, disse. Por fim, o diretor falou sobre a relevância de as empresas divulgarem, maciçamente, suas práticas, de modo que influenciem as suas comunidades; e isso faça delas protagonistas de uma jornada de sucesso.
CEO da G2L, Marlos Tavares destacou o papel vital da logística nessa agenda, abordando questões como energias renováveis e segurança no trabalho. “Nós temos a oportunidade, neste momento, de aderirmos ao ESG por convicção, mas já temos leis que regem o ESG e, cada vez mais, elas nos são impostas. Então, em algum momento, teremos de aderir por obrigação. E, mais adiante, teremos de aderir por vergonha. Não vai ter espaço para empresas que não levem o ESG a sério”, sentenciou Tavares.
A vice-presidente de Experiência do Público e Sustentabilidade da Informa Markets, Araceli Silveira, compartilhou os esforços da empresa em integrar o ESG em suas operações globais, evidenciando o sucesso alcançado pela filial brasileira. O diretor de Investimento em Infraestrutura da GLP, Danilo Matos Marcondes, por sua vez, falou a respeito dos esforços da empresa para promover a governança e reduzir as emissões de carbono, incluindo iniciativas como telhados solares para a produção de energia.
Fonte: CNT Foto: Divulgação