Paraná inicia colheita de safra recorde de grãos de verão
30 de janeiro, 2017
Paraná inicia colheita de safra recorde de grãos de verão
O Paraná iniciou a colheita de uma safra recorde de grãos de verão, alavancada pelo desempenho das lavouras de soja, milho e feijão. A Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento prevê que sejam colhidas 23,3 milhões de toneladas nesta safra 2016/17 - volume 15% acima do mesmo período do ano passado, quando a colheita de verão rendeu um volume de 20,2 milhões de toneladas.
“Apesar da economia desorganizada e o sentimento de desalento, o produtor investiu muito em tecnologia, porque tem a convicção do seu negócio, da sua atividade, que é a agricultura e a pecuária”, afirma o secretário Norberto Ortigara. “Com condições melhores de clima, o resultado é extremamente positivo, com expectativa de safra recorde”, diz.
Segundo ele, com o avanço e consolidação da colheita, a produtividade das lavouras pode melhorar ainda mais. “Se houver bom clima durante o andamento das três safras cultivadas no Paraná, poderemos atingir o volume de 40 milhões de toneladas de grãos em 2017, o que será outra marca recorde”, disse Ortigara.
O secretário reiterou que esta pode ser a melhor safra dos últimos anos e atribuiu também ao conjunto de ações que vem sendo executadas pelo Estado, particularmente pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento e empresas vinculadas.
Ele citou como exemplo o programa de manejo integrado de solos e água, plantio direto com qualidade, capacitação técnica de produtores e técnicos, que proporciona um aprendizado do processo de inovação e modernização com a introdução de novas técnicas e o uso de novas máquinas. “São ações que alavancam o aumento da produtividade e facilitam o avanço do Paraná para a prática de uma agricultura de precisão no médio e longo prazo”, complementou.
Para o diretor do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Francisco Carlos Simioni, a safra paranaense chega em um bom momento e contribui para o Brasil alcançar o volume de produção de 215 milhões de toneladas, que está sendo esperado.
O Paraná, de acordo com Simioni, oferece ao mercado nacional e internacional produtos de qualidade e com preços competitivos. Por isso pode ser beneficiado pelo “efeito Trump” no mercado mundial, cujo impacto poderá favorecer o agronegócio do Brasil e da América Latina. “Dependendo da habilidade de negociação das nossas lideranças, teremos oportunidades para a conquista de novos mercados, o que trará mais renda para os produtores rurais e para a movimentação da economia como um todo”, afirmou.
Soja
A produção de soja deverá atingir volume recorde de 18,3 milhões, apontou levantamento do Deral, referente ao mês de janeiro deste ano. Se essa expectativa se confirmar a safra será 11% maior do que no ano passado, quando o volume colhido atingiu 16,5 milhões de toneladas.
De acordo com o economista Marcelo Garrido, chefe da Conjuntura Agropecuária do Deral, a lavoura foi favorecida pelo clima bom, durante quase todo o ciclo de desenvolvimento da lavoura, e investimento do produtor em tecnologia. A colheita começou de forma um pouco lenta, porque o plantio no ano passado atrasou em função do clima frio na época. Mas a partir da próxima semana, a tendência é de aceleração e muitas máquinas estarão em campo para a colheita em praticamente todo o Estado.
“O avanço da colheita poderá revelar também uma produtividade acima da média estimada pelo Deral”, adiantou Garrido. Atualmente a produtividade prevista é de 3.497 kh/ha, 12% superior a do ano passado.
Até agora, cerca de 14% da produção a ser colhida já foi vendida, ritmo mais lento que no ano passado, quando nessa mesma época 34% da safra já estava vendida. Segundo Garrido, o produtor está capitalizado e não está ansioso por vender antecipadamente. “Ele acredita que o preço ainda pode melhorar”, disse.
Preço
Atualmente a saca de soja está sendo vendida em média, por R$ 67,00 no Paraná - 5,64% a menos que no mesmo período do ano passado quando a soja era vendida por R$ 71,00 a saca.
Garrido alerta o produtor que este ano a conjuntura está diferente, com prenúncio de excesso de oferta e muita especulação com relação a perdas em lavouras de soja na Argentina.
“Há uma superoferta de soja no mundo, sendo uma safra de 108 milhões de toneladas nos Estados Unidos e 103 milhões de toneladas no Brasil. Na Argentina, fala-se em perda de 5 milhões de toneladas de soja por causa de chuvas, mas isso ainda não foi confirmado”, completou.
Por outro lado, há o risco de concentração da colheita de soja a partir de fevereiro. Segundo o técnico, com medo de ocorrência de chuvas que podem provocar perdas na colheita, como aconteceu no ano passado, o produtor pode concentrar a colheita na primeira semana do mês de fevereiro, principalmente na região Oeste. Essa antecipação, com muito trabalho em determinado período, é sempre um risco para o produtor, explicou.
Primeira safra de milho deverá ser 33% maior
O Paraná planta todo ano duas safras de milho, a de verão e a segunda safra. A primeira safra de milho, também com bom desempenho, está bem no inicio da colheita, com menos de 1% da área colhida. Foram plantados cerca de 500 mil hectares, área 21% maior que no ano passado e a produção poderá alcançar 4,4 milhões de toneladas, volume 33% maior que no ano passado.
A segunda safra de milho, que já está em 4% plantada, tem a expectativa de atingir uma área recorde, com 2,3 milhões de hectares, e volume de produção também recorde, de 13,5 milhões de toneladas. É esperado que a colheita da primeira safra se acelere nas próximas semanas, cujo ciclo também sofreu atraso no plantio por causa do clima frio, exatamente como aconteceu com a soja, explicou Edmar Gervásio, do Deral.
A comercialização está fraca este ano, com preços menores, abaixo do que o produtor esperava. Segundo o Deral, a saca de milho está sendo comercializada, em média, por R$ 26,00, que corresponde a uma queda de 13,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a saca de milho era vendida por R$ 30,00.
Segundo Gervásio, com a perspectiva de chegar muito milho no mercado a tendência dos preços é caírem ainda mais com o avanço da colheita. “O produtor está com expectativa de obter um preço melhor, mas por enquanto a tendência não aponta para isso”, alertou. O técnico lembra que deverá haver safra cheia em todo País, este ano, que vai levar a uma recomposição dos estoques de milho, de 20 milhões de toneladas no Brasil, dos quais três milhões de toneladas no Paraná.
Além disso, a expectativa é de recuperação e normalização no abastecimento e na oferta de milho, o que deverá pressionar ainda mais os preços em torno do preço mínimo do grão que é de R$ 19,21 a saca/60 kg.
Fonte: AE Notícias