O CARRETEIRO - Tanques de cargas perigosas ficam sem inspeção por falta de postos credenciados

O CARRETEIRO - Tanques de cargas perigosas ficam sem inspeção por falta de postos credenciados

28 de julho, 2021

Com o fechamento de postos do Instituto de Pesos e Medidas (IPEM), as unidades estaduais autorizadas que reataram em funcionamento para fazer a inspeção de tanques para o transporte de produtos perigosos não estão conseguindo atender a demanda existente.

De acordo com o diretor executivo da Federação Nacional da Inspeção Veicular (Fenive), Daniel Bassoli Campos, a situação vem se agravando desde 2019 e obrigando transportadores a sair de suas regiões, e, em alguns casos, até mesmo se deslocar para outros Estados para conseguir regularizar a situação.

A verificação volumétrica dos tanques de caminhões que transportam produtos perigosos, segundo a Fenive, é condição para as inspeções dos veículos e equipamentos. Porém, atualmente, apenas os órgãos estaduais de pesos e medidas estão autorizados a realizar a tal verificação volumétrica.

De acordo com o Decreto n.º 96.044, de 18 de maio de 1988, somente o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), ou à entidade por ele credenciada, a atribuição de atestar a adequação dos veículos e equipamentos destinados ao transporte de produtos perigosos. Os tanques precisam passar por ensaios a cada dois anos para garantir que o volume transportado está correto.

“Há dificuldade de agendamento nos poucos postos existentes. “Além da dificuldade de agendamento nos poucos IPEM’s existentes, esse deslocamento aumenta ainda mais as perdas econômicas dos transportadores, que não podem trabalhar sem a certificação dos IPEM’s”, explica Campos.

O coordenador de transporte da cooperativa Copetrans, em Betim (MG), Alessandro Silva, disse que o IPEM pede para ligar todo dia 1.ª do mês para agendar, mas não consigo. “Tenho o caso de um associado nosso que está com essa inspeção vencida desde agosto de 2020 e não consegue agendar”, conta, lembrando que Minas Gerais tem apenas dois postos: um em Contagem e outro em Uberlândia.

O problema existe também no Paraná. Em Araucária, os transportadores de combustíveis passam pela mesma situação. “Precisamos de alternativa para não ficar reféns de um único local de ensaio. Aqui na região, o posto de verificação de Pinhais está agendando para daqui a quatro meses”, afirmou Emerson Conrado Hilgemberg, supervisor de frota da On Petro Distribuidora de Combustível.

Uma alternativa apontada por ele seria levar a frota para a cidade de Cascavel, mas não compensa porque fica 500 quilômetros de distância de Pinhais. “Além da dificuldade de agendamento nos poucos IPEM’s existentes, o deslocamento aumenta ainda mais as perdas econômicas dos transportadores, que não podem trabalhar sem a certificação”, acrescentou Daniel Bassoli Campos, diretor da Fenive.

Segundo o dirigente da entidade que representa as associações estaduais e nacionais dos Organismos de Inspeção Veicular, há dois anos vem sendo solicitado ao INMETRO que designe aos órgãos de inspeção acreditados a realização da atividade de verificação volumétrica em tanques, em todo o território nacional, através de modelo acreditado e pautado nos regulamentos.

No seu entender esta ação, que quebraria o monopólio dos IPEM’s para a realização dos serviços obrigatórios, aumentaria de forma rápida a capilaridade dos locais de atendimento, aumentando a oferta de serviços às transportadoras.

Segundo o dieretor da Fenive, o INMETRO não responde de forma efetiva, gerando insegurança econômica ao setor de transporte de produtos perigosos. “No último ofício enviado à FENIVE, no início de julho, o INMETRO respondeu que não descarta autorizar empresas privadas a efetuar a verificação, porém afirma que esse tema deve ser discutido pela agenda regulatória do Instituto, sem data marcada. Mas não apresenta propostas de soluções ou prazos”, concluiu.

Fonte: O Carreteiro/João Geraldo Foto: Divulgação

 

 

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