NTC&Logística - Artigo sobre sustentabilidade da COMJOVEM de Maringá é premiado pela Scania
13 de novembro, 2017
A Scania, com o compromisso de ser parceira do transportador na transição para um sistema logístico mais sustentável, avaliou 18 artigos recebidos pela coordenação nacional da COMJOVEM e indicou como vencedor o texto redigido por Júlio Gonçales (foto), membro da COMJOVEM de Maringá.
Autor: Júlio Gonçales Advogado Pós-graduado em Gestão de Negócios, Mestrando em Administração pela Fundação Dom Cabral, Gestor de Sustentabilidade na Jaloto Tranportes Ltda. e membro do COMJOVEM Maringá/PR.
Como ser Sustentável?
Muito se fala, escreve e justifica teses e questões outras do mundo contemporâneo com um vocábulo que se ousou chamar: Sustentabilidade. Ocorre que a maioria das pessoas sequer tem noção do conceito do termo, outras, todavia, a ligam, diretamente à ideia de preservação do meio ambiente. Este entendimento não está errado, contudo, não está totalmente certo. O meio ambiente é apenas uma área da sustentabilidade, veremos abaixo.
É preciso que os estudiosos do tema tenham consigo a real compreensão daquilo que estão querendo dizer sob pena, de cairmos numa total falácia e jogo sofista. Recorre-se desta forma a raiz etimológica da palavra. Etimologia é o estudo da origem e evolução das palavras.
Pois bem, a palavra sustentabilidade tem sua raiz etimológica naquilo que convencionamos chamar de “sustentar”. Ora, ato contínuo, se faz mister entender de plano o que significa sustentar, para a posteriori cunharmos com exatidão o termo sustentabilidade, objeto deste artigo.
Sustentar, do Latim SUSTINERE, significa: “aguentar, apoiar, suportar”. Desta feita a noção de sustentar traz consigo a percepção de continuidade. Sustentar é aquilo que aguenta ou suporta algo e continua no tempo e no espaço. Esclarecendo, é aquilo que se perpetua no tempo e no espaço. Aquilo que se desenvolve e se preserva por um longo período de tempo.
Sustentabilidade então, nada mais é que aquilo que se desenvolve e se preserva concomitantemente no tempo e no espaço. Exemplifico: Uma floresta por si só, desenvolve plantas, arvores, animais entre outros entes naturais, e se preservam, dando assim, continuidade no tempo e no espaço, gerando, portanto, o equilíbrio.
O desequilíbrio nascera com a intervenção humana. A ação do homem, que é legitima, pois detentor de intelecto superior aos demais seres, possuindo então, o domínio dos mesmos, devendo, por questão de equidade, receber os bônus da exploração natural e assumir o ônus.
Ao assumir o ônus da exploração das riquezas naturais, o homem volta-se para a necessidade de resolução do desequilíbrio. No entanto não se consegue decifrar a causa dos reais problemas da sociedade industrial e tecnológica do século XXI, se ficarmos apenas no campo da sustentabilidade. Para que se possa sustentar algo, é necessário um elemento de valor anterior à noção de sustentabilidade. Ora, os indivíduos conclamam pela sustentabilidade, mas não exercitam condutas concretas que geram por efeito a sustentabilidade. A sustentabilidade neste aspecto é o fim, não o início. Começamos então pela resposta, não pela pergunta.
A pergunta então seria: O que devo fazer para ser sustentável? A resposta é simples e a explicação é complexa. Vejamos, a resposta é: Devo ser ético. O caminho para os indivíduos atingirem a sustentabilidade é construído por atitudes éticas. Pergunto: Apenas com relação ao meio ambiente? Não. Em relação a todos os campos de observação e experiência humana, a saber: meio ambiente, sociedade, economia, saúde, relações humanas, família, trabalho entre outros. Neste ponto atingimos o ápice da construção lógica que sugere a proposta do artigo em questão.
Devo ser e agir eticamente em todos os campos de observação e experiência humana. Para explicar tal desafio, recorro-me ao grande filosofo grego Aristóteles. A saber, a filosofia aristotélica é à base de todo pensamento da civilização ocidental e cristã. Esta é a civilização que vivemos hoje, neste exato momento.
Pois bem, para Aristóteles ética é a busca da felicidade. Percebemos então, que ética é um caminho que leva a felicidade. Sendo um caminho, a noção de ética não é estática e sim de movimento. O elemento buscar é o que gera movimento. Eu busco a felicidade, eu busco a sustentabilidade. Só chegarei ao meu destino que é a felicidade ou a “sustentabilidade” se trilhar pelas estradas da ética.
Aristóteles nos ensina que ética é o caminho para chegar a felicidade, acrescento, também a sustentabilidade. Mas como agir eticamente de forma concreta no dia-dia? Este é o problema. A questão da abstração do conceito de sustentabilidade é simples. É fácil falarmos de sustentabilidade e não fazermos sustentabilidade pela via ética.
Ao falarmos de sustentabilidade automaticamente transferimos uma responsabilidade individual e concreta (individuo) para algo abstrato e coletivo (sociedade). Neste ponto reside o fator decisivo do tema sustentabilidade. É simples falarmos em efeito estufa do Planeta Terra na conferência do aquecimento global, difícil é separar meus resíduos domésticos. É fácil falar sobre a emissão de Co2 pelos veículos, difícil é aferir meu veículo nas normas ambientais via opacímetro (emissão de fumaça preta) e regular o motor na concessionária mais próxima. É simples falar dos refugiados da Síria, difícil é ser solidário com seu vizinho desempregado. É obvio, não podemos generalizar, mas podemos refletir e agir.
Assim chegamos ao fator mais espinhoso da modernidade. Mudança ou exercício de comportamento individual baseado em valores éticos. Aristóteles ensina que para agirmos eticamente devemos exercitar nossas virtudes e superar nossos vícios. Assim, virtude é tudo aquilo que leva ao sacrifício anterior para a felicidade posterior. Vicio é exatamente o contrário, leva a falsa felicidade (prazer) “a priori” e a frustração “a posteriori”.
Vejamos que honestidade é virtude, desonestidade é vício. Amor é virtude, ódio é vício. Solidariedade é virtude, egoísmo é vício. Sinceridade é virtude, falsidade é vício. Moderação alimentar é virtude, gula é vício. Sobriedade é virtude, embriaguez contumaz é vício. Preservação é virtude, corrupção é vício. Trabalhar é virtude, vadiar (vagabundear) é vício. Educação interpessoal é virtude, estupidez é vício. Não matar as pessoas é virtude, matar é vício. Equilíbrio emocional é virtude, destemperança é vício. Sustentar o meio ambiente é virtude (individual e concreta) não sustentar e atribuir a terceiros (sociedade abstrata) é vício, entre infinitos exemplos.
Pois bem, este caminho é árduo, espinhoso e desafiador. Todos os indivíduos que queiram praticar sustentabilidade devem exercitar o caminho das virtudes. A virtude individual, por consequência, será aplicada, na sua família, comunidade, e também na organização em que se trabalha. Exemplo cabal, da ética aplicada ao mundo organizacional e com desdobramento lógico e concreto no dia-dia dos seres humanos, são as tecnologias da Scania no tocante a economia de energia, transporte inteligente e seguro, combustíveis alternativos e funcionamento elétrico, soluções urbanas de ônibus, qualidade de vida no transporte urbano, ônibus a gás, e uma gama recheada de inovações éticas e tecnológicas que atingem o mundo concreto feito por pessoas éticas e concretas, que formam a organização Scania. Soluções organizacionais éticas passam por pessoas éticas que formam as organizações, “á priori”. O valor ético é um valor do homem, não de um ente abstrato, tais como organização ou sociedade.
Por fim, apenas o resgate do valor ético aristotélico, é que as pessoas e a humanidade poderão ter esperança de dias melhores. Nada, além disto. Planeta sustentável, economia sustentável, sociedade sustentável passam por mais elementos de virtude ética, tais como preservar o meio ambiente em detrimento do não preservar, agir honestamente na economia de mercado na esfera pública ou privada em detrimento do câncer moderno da corrupção (cobiça desenfreada pelo ganho fácil) e solidariedade individual nas relações humanas, ou seja, com seu vizinho, seu amigo, seu companheiro de trabalho. Ser sustentável é ser ético.
Fonte: NTC&Logística