NTC - Demanda por exportações é grande, mas empresários encontram desafios
11 de agosto, 2017
Existe demanda no continente para que as vendas brasileiras tenham um crescimento ainda maior, mas os empresários precisarão driblar uma série de problemas para conseguir esse aumento.
Esse foi o prognóstico dos especialistas que participaram, ontem, do seminário Processos de Compra dos Importadores do Continente Americano, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Ao falar sobre o quadro atual, eles destacaram dados de uma pesquisa recente sobre a situação comercial da região. O levantamento, realizado pela companhia de logística UPS, descobriu que 47% das pequenas e médias empresas (PMEs) importadoras da América estão em busca de novos fornecedores internacionais. O estudo consultou 2.170 importadores, principalmente de mercadorias manufaturadas, em nove países do continente.
"Os Estados Unidos e a América Latina trazem grandes oportunidades atualmente. Há, sem dúvida, espaço para elevar as exportações", afirmou Nadir Moreno, presidente da UPS do Brasil.
Entretanto, para avançar nas negociações, foi ressaltada a necessidade de uma atuação mais "proativa" dos vendedores. Isso porque 21% dos importadores consultados pelo levantamento indicaram que esperam que os possíveis fornecedores entrem em contato.
Também é preciso contornar problemas de logística, já que 28% dos consultados citaram o atraso na entrega como o principal obstáculo no processo de compra. Custos adicionais na importação foram o segundo maior entrave mencionado pela pesquisa.
"Os importadores de outros países dão muita importância aos prazos estabelecidos e à qualidade da informação fornecida. Para conseguir parceiros comerciais estáveis, é bastante importante estar atento a esses dois pontos", afirmou Luiz Carlos Barboza, consultor associado da Red Global de Exportación (RGX).
Sobre o ponto da informação de qualidade, o estudo destaca a estrutura on-line: 42% dos consultados fazem compras via internet e grande parte deles dá importância ao site da empresa exportadora. No Peru, por exemplo, 70% dos compradores disseram que esse foi um fator importante para o fechamento do negócio.
Barboza também sugeriu que os novos exportadores comecem a trabalhar pelo hemisfério sul, buscando consumidores em países da América Latina e da África. Nessas regiões, as exigências burocráticas e os custos costumam ser menores que em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e os europeus.
Durante o evento, também foram mencionadas as dificuldades dos exportadores brasileiros. Diretor adjunto titular do departamento da micro, pequena e média indústria da Fiesp, Marco Antonio dos Reis falou sobre a dificuldade para se obter crédito no País.
"Um problema é que os agentes [financeiros] não estavam repassando recursos para o crédito", afirmou. Segundo ele, esse cenário pode mudar em breve, com um avanço dos desembolsos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O entrevistado também disse que o excesso de burocracia e a fraqueza da infraestrutura do País são dois dos principais empecilhos para uma melhora das vendas externas.
De acordo com os especialistas, as exportações brasileiras de manufaturados devem continuar crescendo no ano que vem, em grande parte porque a demanda interna deve continuar fraca.
Entre janeiro e julho deste ano, as vendas internacionais geraram US$ 126,471 bilhões, uma alta de 18,7% no confronto com 2016, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
Fonte: DCI