GP - “Combustível do futuro”: por que o Paraná quer ser referência em hidrogênio verde
07 de fevereiro, 2022
O Paraná está se organizando para criar uma cadeia de hidrogênio verde. Ao contrário do hidrogênio cinza, produzido a partir do petróleo, o hidrogênio verde tem como origem fontes renováveis de energia, especialmente a solar e a eólica. É, portanto, sustentável e pode contribuir com o processo de descarbonização. É considerado o futuro dos combustíveis.
Há 10 anos, o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), vem desenvolvendo estudos e se estruturando para formar as bases do que pode vir a ser uma cadeia produtiva de hidrogênio verde no Paraná. Foi pioneiro na produção do insumo de forma experimental. Agora, busca a participação do governo do estado e do setor produtivo para avançar na proposta.
“O Brasil tem todas as condições favoráveis por causa dos recursos naturais, sol, vento e água. Tem condições de produzir hidrogênio verde de forma barata e ofertar para o mundo”, destaca Rodrigo Regis de Almeida Galvão, diretor de Negócios e Inovação do PTI. “Isso nos faz competitivos, e posiciona o Brasil como país chave no processo de descarbonização”, pontua.
Segundo ele, dentro do Brasil, o Paraná é o único estado que tem uma planta funcionado há 10 anos, tem a tecnologia e o capital humano. “Nossa estratégia é desenvolver a cadeia aqui. Os grandes potenciais de produção de H2V estão nos estados do Nordeste por conta da oferta de vento e sol, mas a cadeia produtiva pode se estabelecer aqui porque dominamos a tecnologia, já temos a planta industrial e pessoal qualificado para isso”, informa.
Mas a ideia não é apenas explorar esse hidrogênio para a exportação, e, sim, usá-lo também aqui no mercado interno. A aplicação é bem diversa. Pode ser usado na produção de fertilizantes, nas soluções de mobilidade, com carros movidos a hidrogênio, combustível para aviões, pelas indústrias que usam grandes quantidades de gás em seu processo produtivo, como a indústria petroquímica, a indústria química em geral, os setores de aço, cimento, cerâmica e papel e celulose que usam o gás natural, vindo do petróleo, como fonte de energia.
“O hidrogênio verde, que tem alto poder calorífico, poderia entrar na composição do gás, com uma mistura de 10% a 20%”, explica Galvão. Para o diretor do PTI, o hidrogênio verde é o próximo grande acontecimento em termos de energia e pode se tornar realidade num período de três a cinco anos.
Para avançar na proposta de estruturação da cadeia produtiva dentro do estado, nesta semana a diretoria do Parque Tecnológico de Itaipu reuniu-se com o governo do estado. Foi recebida pelo vice-governador Darci Piana, que sugeriu a inclusão da Copel e Fundação Araucária no projeto. Entidades do setor produtivo, como a Federação da Agricultura do Paraná (Fiep) e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) também devem participar, além da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Hidrogênio está no Plano Nacional de Energia 2050
“O Paraná tem muito a ganhar com a criação de uma cadeia produtiva de hidrogênio, que demanda bastante tecnologia e mão de obra capacitada, além de reduzir os custos para o agronegócio”, destaca Piana.
O diretor-superintendente do Parque Tecnológico de Itaipu, Eduardo Garrido, diz que o apoio institucional é fundamental para tornar o projeto realidade. “O PTI tem experiência na área de hidrogênio, somos muito procurados por empresas e parceiros que querem desenvolver essa área”, explicou. “Por isso, criamos uma proposta para montar uma rede de hidrogênio verde, ideia que já estamos discutindo com a Fiep e, agora, com o governo do estado”, informa.
O hidrogênio foi incluído no Plano Nacional de Energia 2050, aprovado em dezembro de 2020 pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Em agosto de 2021 o MME apresentou ao Conselho Nacional de Política Energética as diretrizes do Programa Nacional do Hidrogênio do Brasil (PNH2). O programa se propõe a definir um conjunto de ações que facilitem o desenvolvimento conjunto de três pilares para a consolidação do desenvolvimento da economia do hidrogênio: políticas públicas, tecnologia e mercado.
Fonte: Gazeta do Povo Foto: KIKO SIERICH/PTI