ESTADÃO - Infraestrutura não está imune à pandemia
06 de julho, 2020
A pandemia de covid-19, como era de imaginar, não poupou a área de infraestrutura. O número de leilões de concessão de rodovias e aeroportos previsto pelo Ministério da Infraestrutura para 2020 teve redução significativa – mais da metade, no caso das rodovias – em decorrência da retração econômica provocada pelo novo coronavírus.
O caso dos aeroportos é particularmente delicado porque o setor aéreo foi um dos mais atingidos pela pandemia. Projeções iniciais do governo indicavam investimentos na ordem de R$ 6,7 bilhões com a retomada da 6.ª rodada de concessões aeroportuárias, adiada para março de 2021. Nesta etapa do processo, seriam transferidas à iniciativa privada as operações de 22 aeroportos do País, divididos em três blocos: Sul, Norte I e Central. No entanto, enquanto milhares de aeronaves estão em solo e é incerta a retomada das viagens aéreas no curso de uma emergência sanitária que não dá sinais de arrefecimento, é difícil projetar novos investimentos na expansão e modernização de terminais aeroportuários.
Além do grande impacto da própria pandemia sobre o setor aéreo – fruto do natural receio de contaminação no ambiente fechado das aeronaves –, há os desdobramentos negativos decorrentes da queda da atividade econômica em geral. Com a queda acentuada do Produto Interno Bruto (PIB) prevista para 2020, é natural supor que menos pessoas terão condições de realizar viagens aéreas no futuro próximo.
No caso das rodovias, a situação não é menos desafiadora. O cronograma de concessões não foi afetado somente pela eclosão da pandemia, mas também por alterações nos próprios projetos. As concessões das rodovias BR-153/080/414, entre Goiás e Tocantins, e BR-163/230, entre Mato Grosso e Pará, estão mantidas para este ano.
Um dos principais trechos, no entanto, a BR-116, incluindo o trecho da Rodovia Presidente Dutra, que liga Rio de Janeiro e São Paulo, foi adiado. Outros três certames também foram cancelados.
Tendo em vista o interesse público, os adiamentos são, no mínimo, prudentes. Em meio ao cenário incerto, tanto do ponto de vista sanitário como econômico, o melhor a fazer é deixar os leilões de concessão para um momento mais oportuno, e não realizá-los sob condições absolutamente desfavoráveis.
Fonte: Estadão Foto: Divulgação/CCR NovaDutra