Especialistas defendem reúso da água
23 de março, 2017
Especialistas defendem reúso da água
Medidas de reaproveitamento deverão ser adotadas na gestão dos recursos hídricos do país. Relatório da Unesco divulgado nesta quarta-feira (22/03), no encerramento de seminário promovido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), mostra que mais de 80% da água residual do mundo é descartada sem tratamento. O reúso em atividades como irrigação agrícola e processos industriais foi apontado como solução para o problema.
Além de garantir a proteção, o reúso tem o potencial de universalizar o acesso aos recursos hídricos por parte da população, conforme mostram os dados apresentados no seminário Águas do Brasil – 20 anos da Lei das Águas. Promovido em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), o evento faz parte da programação oficial do Mês das Águas, coordenada pelo MMA como forma de alertar a sociedade para a crise hídrica.
O levantamento da Unesco traça o perfil das extrações globais de água doce e mostra que maior parte delas vai para consumo agrícola (38%) e drenagem agrícola (32%). As águas residuais industriais correspondem a 16% do total. “Não temos condições de perder esses recursos”, declarou a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, em mensagem enviada para o seminário. “O reúso é essencial para a dignidade humana e para o desenvolvimento sustentável.”
LEGISLAÇÃO
Gestores e especialistas no assunto também a apontaram a importância do fortalecimento das ações de reaproveitamento nas políticas brasileiras. O secretário de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do MMA, Jair Tannús, destacou os avanços da Lei das Águas e destacou que, após 20 anos, é possível aperfeiçoá-la. Segundo ele, a legislação trouxe conquistas como a participação social e o sistema nacional de gerenciamento.
O especialista Maurício Boratto, do Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados, ressaltou os benefícios que podem ser trazidos a partir do incentivo ao reúso da água. “A iniciativa privada já tem bons exemplos. É preciso expandir o reúso a partir de incentivos”, defendeu Boratto.
Com o objetivo de fortalecer a Política Nacional de Recursos Hídricos, o Banco Mundial prepara, também, um estudo para identificar oportunidades de aperfeiçoamento. O levantamento deve ficar pronto até o fim do ano e contém estudos de caso de áreas como a Bacia do Rio São Francisco. “O objetivo é garantir que todas as parcelas da população tenham acesso à água de forma igualitária”, explicou Paula Freitas, especialista do Banco Mundial.
Fonte: Lucas Tolentino/Assessoria Ministério do Meio Ambiente
Crédito foto:Gilberto Soares/MMA