Corte no orçamento limita atuação da Polícia Rodoviária Federal
07 de julho, 2017
Corte no orçamento limita atuação da Polícia Rodoviária Federal
A Polícia Rodoviária Federal anunciou medidas de adequação ao corte do orçamento, que impôs limites para a compra de combustível e as despesas de manutenção. Por exemplo, a suspensão do policiamento aéreo e do resgate com helicópteros; a redução do deslocamento de carros em patrulhamento; a suspensão dos serviços de escolta de cargas de grande porte; a desativação de algumas unidades operacionais; e o atendimento ao público, prioritariamente, das 9h às 13h.
Segundo a nota divulgada nesta quarta-feira (5), a Polícia Rodoviária Federal e o Ministério da Justiça estão negociando com o Ministério do Planejamento a recomposição do orçamento.
O Planejamento declarou que as receitas públicas tiveram desempenho fraco, que, para cumprir as metas fiscais, precisou fazer um contingenciamento de R$ 42 bilhões no início do ano e que a suspensão de repasses atingiu todos os órgãos da União.
Esses cortes na PRF chegam num período de férias, em que as estradas ficam mais movimentadas, e num país em que muitos motoristas agem de forma irresponsável.
O perigo corta a rodovia no Espírito Santo. Quem dirige com uma pedra de 30 toneladas na carroceria sabe que precisa ter cuidado.
A preocupação na BR-101 ficou maior depois que a carreta que levava um bloco de granito tombou e atingiu um ônibus no mês passado, matando 23 pessoas. A pedra pesava mais do que o permitido e a carreta tinha pneus carecas e um histórico de 35 multas.
A Polícia Rodoviária Federal intensificou a fiscalização. Quando o dia acaba, o movimento na BR cresce. E é à noite que a imprudência aumenta e leva ainda mais perigo para a rodovia. Os motoristas de duas carretas tentaram disfarçar a irregularidade.
A carroceria com lona para cobrir a carga é muito usada por quem transporta grãos, mas a polícia desconfiou. Em vez de grãos, encontrou pedras de granito com o peso acima do permitido pela lei. E as correntes e travas de segurança estavam soltas. Nada prendia as pedras na carroceria. Foi desse jeito que as duas carretas rodaram mais de 2 mil quilômetros. Saíram do Rio Grande do Norte e só foram paradas no Espírito Santo.
"Isso talvez tenha facilitado a chegada desse veículo até aqui, mas também tem outros artifícios", disse o inspetor da PRF Edmar Amorim.
Outros artifícios significam desvios. Anos atrás, o Jornal Nacional já mostrava o perigo. Em 2007, as carretas seguiam pela estrada de terra para evitar o posto da Polícia Rodoviária. Em 2009, de madrugada, lá estavam elas, de novo fugindo da fiscalização.
Passaram-se anos e mesmo depois do mais grave acidente já registrado em rodovias no Espírito Santo, mais uma vez uma carreta que transporta pedras utiliza a estrada de terra, o desvio para evitar a fiscalização.
São duas carretas. Os motoristas preferem enfrentar a lama do que passar pelo posto da Polícia Rodoviária. Perderam a viagem.
"Enquanto a gente se deparar com atitudes como essa por parte de transportadoras e de empresários que carregam os granitos, a estrada vai ser uma roleta-russa", afirmou o inspetor da PRF.
Além de multar os motoristas, os empresários envolvidos no esquema também são autuados. Nos casos mostrados na reportagem, eles foram identificados e vão responder criminalmente, na Justiça.
Fonte: Jornal Nacional/G1