Como a reforma trabalhista virou a ‘salvação’ do governo Temer

Como a reforma trabalhista virou a ‘salvação’ do governo Temer

28 de junho, 2017

Aprovar reforma trabalhista vira sonho de consumo de governo encurralado pela crise

Temer testa fidelidade da base na votação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça nesta quarta-feira, dois dias após denúncia do procurador Rodrigo Janot

Em busca de uma vitória que alivie um mínimo a sua situação, o governo Temer aposta todas as fichas na aprovação da reforma trabalhista, cuja votação está prevista na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira (28). Ciente de que será difícil conter a derrota, a oposição já prepara suas armas, como por exemplo, os votos em separados, para serem apreciados de forma paralela ao parecer do relator, Romero Jucá (PMDB-RR).

Nesse “kit oposição”, senadores do PT, PCdoB, PSB, Rede e PSOL vão usar todos os artifícios. São cinco votos em separados da oposição. Somente o apresentado por Paulo Paim (PT-RS) tem 90 páginas. O governo tem pressa e espera votar ainda nesta quarta o texto na CCJ e levar logo ao plenário. Se aprovado no plenário, ele segue então para a sanção do presidente Michel Temer. A sessão começa às 10 horas, sem previsão de término, podendo se estender até a noite.

A CCJ tem 27 senadores titulares. O governo contabiliza vitória com uma diferença entre 4 a 6 votos. Não acredita que haverá surpresas, como na votação da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), quando foi derrotado.

“Não acredito que a reforma trabalhista comece a ser votada na CCJ antes das 20 horas da quarta-feira. O governo tentará levar ao plenário até 14 de julho. Mas o certo mesmo seria deixar essa matéria para agosto e tentarmos um acordo decente sobre o tema. Porque essa proposta é indecente”, disse Paim.

Valdir Raupp (PMDB-RO) está otimista, apesar de um dos autores do voto em separado ser um colega de partido, o senador Eduardo Braga (AM), já contabilizado como uma “dissidência” da base. Ele foi ministro do governo Dilma Rousseff.

“Há espaço para a reforma trabalhista ser aprovada, até com folga de quatro a seis votos. É a conta que a base do governo está fazendo. Deverá passar na CCJ e no plenário do Senado também”, disse Raupp.

O tempo joga contra o governo. À medida que a denúncia criminal do procurador-geral da República Rodrigo Janot avança, a situação de Temer se fragiliza. Aprovar a reforma trabalhista virou questão de honra para o governo. Os opositores apostam que mesmo sem a denúncia ter sido despachada para a Câmara pelo ministro Edson Fachin, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal, o caso já faz um “estrago” no apoio da base. O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), reconhece a maioria do governo na CCJ, mas acha que o quadro pode mudar ainda nesta quarta.

“A conjuntura mudou e a crise se agravou. Qual o clima para se votar isso aqui? Pelos nossos cálculos, eles têm uma maioria, mas é uma maioria que pode ser modificada até a votação. Se houver clima para votação”, disse Lindbergh.

Com a aprovação da reforma da Previdência cada vez mais distante, fazer passar a reforma trabalhista já será um trunfo para o governo. Não vai salvar a lavoura, algo que ainda está bem longe.

Fonte: Gazeta do Povo/Evandro Éboli

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