Agro, com safra recorde, prevê desastre no transporte com falta de rodovias

Agro, com safra recorde, prevê desastre no transporte com falta de rodovias

03 de março, 2023

Enquanto o agronegócio paranaense comemora, da porteira para dentro, a estimativa de produção recorde de soja, que deverá atingir perto de 21 milhões de toneladas na safra 2022/23, as lideranças do setor que dão assistência aos produtores estão preocupadas com uma catástrofe anunciada nos caminhos que levam esta produção aos consumidores dos grandes centros e ao comércio internacional.

"Não teremos, em curtíssimo prazo de tempo, estradas para transportar a produção do campo. A indecisão dos governos estadual e federal em adotar um novo modelo de concessão de rodovias vai atingir o segundo maior produtor de grãos do País, que é nosso Estado. A consequência será desastrosa porque o custo do transporte é o que mais influencia na composição dos preços dos produtos que são definidos pelo mercado internacional”. O alerta é do presidente do Sistema Federação da Agricultura do Paraná/Senar, Ágide Meneguette.

Um dia após reunião do G7, entidades que compõem o setor produtivo e o maior volume do PIB paranaense, realizado na segunda-feira, dia 27, o governador Ratinho Junior esteve em Brasília onde apresentou ao ministro dos Transportes, Renan Filho, o modelo de pedágio desenhado entre técnicos do DER e técnicos do governo Jair Bolsonaro.

"Não importa qual plano de concessão teremos, qual pedágio teremos, desde que tenhamos estradas com trafegabilidade, obras e tarifas de acordo com os interesses e o bolso dos usuários paranaenses. Nós precisamos de estradas porque estas que estão ai estão se deteriorando há mais de um ano – desde novembro de 2021 - quando terminou a concessão e ainda não foi feito um novo edital”, questiona Meneguette.

Problema das rodovias é antigo

O presidente do Sistema Faep/Senar vem, desde 2016, quando tomou frente, ainda no governo Beto Richa, tentando resolver o problema das concessões no Estado. “À época reunimos todas as concessionárias e montamos um projeto de renovação dos contratos para termos um pedágio com obras e com menor tarifa, para não sofremos as consequências que hoje estamos sofrendo. Nesta negociação, haveria uma redução de até 40% nos preços das tarifas. Nada foi feito e estamos na mesma situação”, lembrou.

Meneguette observa que é preciso ter estradas, infraestrutura rodoviária e não essa “maluquice está aí, hoje”. A Faep é apartidária e nosso papel é “defender os interesses do nosso povo, dos agricultores”, pontuou o presidente.

O Estado do Paraná tem uma malha rodoviária pavimentada com perto de 15 mil quilômetros e grande parte dela está deteriorada, precisando de reparos, duplicações e trocas de pavimentos.

Produção paranaense

O Paraná, lembra Meneguette, é o segundo maior produtor de grãos do Brasil com 41 milhões de toneladas. São 305 mil propriedades rurais, sendo 85% formada por pequenos produtores – agricultura familiar.

Segundo ele, hoje têm produtores colhendo 240 sacas de soja por alqueire onde, antes, colhiam 120 sacas. “Tivemos o dobro da produtividade e das exportações, graças à tecnologias que importamos, cursos que realizamos, através do Senar e não temos infraestrutura rodoviária”. lamentou.

Meneguete também lembrou de uma frase dita em conferência, em 1990, pelo então ministro Delfim Netto: “Nunca plante nada sem, antes, se certificar pelo preço internacional que dita as regras do mercado”. Hoje, disse, tudo é feito pelo mercado internacional e este mercado não quer saber se nossas estradas estão boas ou não. Para ele isto não importa. Mas para o produtor, sim. Cai seu rendimento.

“Nosso maior problema é a logística de transporte e penaliza toda a economia paranaense”, pontuou.
O agro paranaense é responsável por 34% do PIB do Estado.

Fonte: Paraná Portal/ Pedro Ribeiro Foto: Divulgação

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