AE - Indicadores confirmam que retomada ganha fôlego no Paraná
27 de outubro, 2017
A recuperação da economia do Paraná ganhou velocidade nos últimos meses. Indicadores do IBGE, Banco Central, Ministério do Trabalho e outros dados setoriais mostram que o Estado não apenas está em trajetória de retomada, mas que está deixando a crise para trás mais rapidamente do que o restante do Brasil, com bons resultados no agronegócio, na indústria, no comércio, serviços, nas exportações e na geração de emprego.
De acordo com o Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) do Banco Central, a economia do Paraná cresceu 2,4% de janeiro a agosto de 2017. O indicador é considerado uma prévia do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período, o Brasil registrou avanço bem mais tímido, de 0,31%. “Nossa convicção sempre foi de que o Paraná venceria a crise num período mais curto de tempo. Fizemos o dever de casa”, diz o governador Beto Richa.
Depois de uma retração de 2,6% em 2016, a estimativa para a economia paranaense era de crescimento de 1,5% em 2017. “Com esse desempenho, devemos em breve revisar para próximo de 2% nossa estimativa de crescimento para o PIB do Estado em 2017”, diz Julio Suzuki Júnior, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), ligado à Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral.
Se confirmado, será um crescimento bem maior do que o do Brasil, que deve registrar alta de 0,5% no PIB. “A recuperação, principalmente da demanda interna, vem surpreendendo positivamente, o que tem feito com que o Paraná tenha resultados bem melhores do que a média brasileira”, explica Suzuki.
Três fatores
Na avaliação do economista e consultor Gilmar Mendes Lourenço, professor da FAE Business School, a economia do Estado vai melhor que a média brasileira devido a três fatores. De um lado, o agronegócio se beneficiou da safra recorde, da boa demanda e dos bons preços internacionais.
A desaceleração da China, principal comprador de produtos paranaenses, foi menor do que a esperada e o gigante asiático já retomou o seu ritmo. “De outro temos a diversificação da matriz produtiva no Estado, com o recente ciclo de investimentos atraídos pelo programa de incentivos Paraná Competitivo, principalmente entre 2011 e 2013”, diz Lourenço.
“Por último temos o ajuste fiscal, que permitiu uma melhora do setor público, com superávit primário e redução da relação entre dívida e receita corrente líquida”, afirma.
Agronegócio
Um dos motores da economia do Estado, o agronegócio continuou a crescer mesmo na crise e tem tido, em 2017, mais um ano de recordes. Somente na safra de grãos de verão foram colhidas 24,8 milhões de toneladas - 23% mais do que no ano passado.
Produção que foi exportada, industrializada ou transformada em insumo para a produção de aves e suínos. O Paraná segue como o principal produtor de frango do País e vem expandindo exportações.
“O Paraná tem parte importante da sua base econômica centrada no agronegócio. Nesse ano, a safra foi boa, o dólar não caiu muito, o que favoreceu as exportações, e o mercado interno vem retomando”, diz José Pio Martins, economista e reitor da Universidade Positivo (UP).
“A cada ano cresce o saldo líquido das exportações do setor, a geração de emprego e renda. Os indicadores têm mostrado sinais de recuperação, mas ainda precisamos dar uma resposta rápida para os problemas econômicos do País, como o desemprego”, diz Ágide Meneguette, presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep).
Comércio e serviço
Se o agronegócio já vinha passando ao largo da crise, setores que tinham sido duramente afetados pela recessão – como a indústria, o comércio e serviços – também mostram reação. A última Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, mostra que as vendas do setor varejista cresceram 3,2% de janeiro a agosto no Paraná, contra um avanço bem mais tímido, de 0,7%, no Brasil.
Dados do IBGE também demonstram evolução no setor de serviços, um dos mais importantes da economia estadual. O crescimento de janeiro a agosto foi de 4,2%, enquanto em todo Brasil o setor acumula uma queda de 3,8% na mesma base de comparação.
Indústrias
Depois de amargar redução das vendas e aumento da ociosidade nas fábricas, a indústria do Paraná aumentou em 4,6% sua produção nos primeiros oito meses deste ano, de acordo com dados do IBGE. O desempenho do Estado está bem superior ao do Brasil, cujo crescimento foi de 1,5% na mesma base de comparação.
O economista Roberto Zurcher, do departamento econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), diz que a recuperação ainda é lenta, mas há quatro meses o faturamento real do setor vem crescendo. Os estoques foram zerados e o índice de ocupação das fábricas está em 70%.
De acordo com Zurcher, a safra recorde teve reflexo tanto na indústria de alimentos quanto na de insumos, como fertilizantes, e de bens de capital, como máquinas e equipamentos. A renda do campo ajuda a movimentar o comércio de tratores e colheitadeiras, por exemplo.
“Outro setor que vai bem é o de produção de veículos que está se recuperando com exportações para a Argentina, principalmente, e com as vendas para o mercado interno. Com a queda na inflação, na taxa de juros e no aumento da geração de empregos, o consumo das famílias voltou a crescer”, afirma Zurcher.
Mercado de Trabalho e crédito voltam a crescer
Outro sinal de que a economia do Estado voltou a girar está nos números do mercado de trabalho e no crescimento do crédito. De janeiro a setembro o saldo de vagas com carteira assinada – já descontadas as demissões – ficou positivo em 28.623 empregos, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
A melhora dos índices de ocupação e a redução das taxas de juros também vêm ajudando no crescimento das operações de crédito, que tinham travado com a crise e o aumento da inadimplência. Dados do Banco Central mostram que, em agosto, o saldo de operações de crédito no Paraná era 6% superior ao de agosto do ano passado, com um total de R$ 1,23 bilhão. No Brasil o crescimento foi menor, de 4,6%, para R4 1,6 trilhão.
O crescimento das operações de crédito está concentrado na compra de bens de consumo como eletrodomésticos e automóveis, por exemplo. “Isso é um sinal de que as famílias estão se reorganizando financeiramente e voltaram a comprar”, diz Julio Suzuki Júnior, diretor-presidente do Ipardes.
Fonte e Foto: AE